Confiança

Au! Au!

Certa vez caminhava a longos,
apressados e descontínuos passos pela rua. Como a própria frase deixou explicito encontrava-me ansioso para chegar em casa. Mas algo me surpreendeu neste percurso que fez me deixar de lado á correria e parar por alguns instantes: Um menino (que conhecia apenas por conhecer, como em toda pequena cidadela do interior em que uns sabem da vida dos outros) passava pela calçada no mesmo instante que eu. Havia nela também um cachorrinho, faminto, por sua vez. O menino comia um pedaço de algum salgado o qual o nome não alteraria a história, mas que dava a impressão ao paladar de algo estonteantemente delicioso. O garoto não hesitou, socou as mãos no salgado, arrancou um belo pedaço e depositou-o no chão. No mesmo instante pensei: Garoto idiota, se realmente almejasse que o animal comesse aquilo deveria ter depositado a comida no passeio, mas chamado o cachorro, pois em minha concepção cachorros não eram tão espertos assim. Quão grande foi minha surpresa quando me deparei em uma situação totalmente inversa a qual imaginava. O menino colocou o pedaço lá, se virou de costas e saiu andando, sem mesmo olhar para trás para ter a certeza de que o cão comeria o salgado. Após alguns instantes o animalzinho virou-se para trás correu até o salgado e o comeu abruptamente. Fiquei contundentemente apavorado diante daquela situação tão diferente. Na verdade parecia que havia uma conexão entre os dois, o ser humano e o cachorro. Aquele menino passou-me naquele dia algo totalmente novo e que talvez me faltasse nos dias em que precisava: A confiança. A certeza de fazer algo sem precisar olhar para trás para ter a convicção de que aquilo realmente se concretizará, pois já tenho a certeza de que fiz tudo certo e não preciso exigir tanto assim de mim. Tudo isso me fez lembrar de que sou apenas um Ser humano, passível de erros.

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